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domingo, abril 22, 2012

Entre a cabeça e as mãos, está o coração.

Acabo de preencher uma relevante lacuna na minha limitada vida cinematográfica.  Assisti Metropolis, de Fritz Lang.
Trata-se de um filme mudo e P&B, produzido em 1927.  Não costumo ter a menor paciência para assistir filmes mudos e P&B, e também não costumo gostar de filmes muito antigos.
Mas esse valeu o esforço.  Ficção científica da década de 1920, maravilhosamente produzido se considerarmos os recursos da época e de "acerto" com relação às previsões futuristas invejável.  A cena vista da janela do protagonista lembra vivamente a vista da região do Anhangabaú (SP) às 19h00 de um dia de semana.
Referências interessantes sobre o papel da ciência e, particularmente, sobre as lutas de classe, já que o mundo vivia o auge da industrialização naquela década.
Mas gostei mesmo foi do recado objetivo do filme: "The mediator between head and hands must be the heart" - "O mediador entre a cabeça e as mãos precisa ser o coração". 
O recado se referia à maneira pela qual os operários eram tratados na época e o filme, projetado para 2026, imaginava uma sociedade brutalmente dividida entre uma nobreza "capitalista" (cabeça) e o submundo operário (mãos), que fatalmente levaria à revolta e a uma revolução.  O filme propões que a solução para o potencial conflito seria a mediação através da compreensão, da negociação e do respeito (coração).
A mensagem fazia todo sentido do mundo na década de 30, perdeu um pouco sua força na segunda metade do século passado, quando essas relações realmente se humanizaram, mas tenho a sensação de que voltam a fazer sentido nesta década marcada pelo desencanto com o trabalho.
Recomendo para quem tiver paciência e interesse pela arte, e indico especialmente aos CEOs modernos, que andam sucumbindo à pressão por resultados financeiros de curto prazo e pressionando suas equipes de forma autoritária, além do que seria "recomendável".

quinta-feira, abril 19, 2012

Trabalhando em equipe

Num encontro com um time de executivos experientes e com viés humanista, discutíamos o fundamentos do trabalho em equipe.
Depois de algum tempo de divertida e proveitosa discussão, fizemos uma pequena lista de fatores que o grupo julgou relevantes:
- know each other (conhecer os companheiros)
- learn and share (compartilhar conhecimentos e experiências)
- plan next step (estabelecer objetivos claros)
- align (compatilhar os objetivos e alinhar as ações)
- engage (engajar, garantir que todos estão comprometidos)
- have fun (divertir-se com o trabalho)
Os 5 primeiros ítens da lista parecem óbvios, mas se você der uma olhada à sua volta, onde quer que trabalhe, verá que o óbvio não é trivial.
O sexto ítem costuma provocar arrepios nos gestores modernos.  Chegamos a um ponto onde gente bem humorada não é bem vista nos escritórios.  Dão a impressão de que não estão conscientes dos problemas ou não estão comprometidas com seu trabalho.
Seguimos com o exercício nos propondo a apontar qual seria o "valor" mais importante para o trabalho em equipe.
O grupo foi unânime: respeito.
Essa é outra obviedade pouco trivial, principalmente em ambientes multiculturais, e fica particularmente mais difícil na esteira da neurose do "politicamente correto".
Para respeitar é preciso conhecer o outro, e estar pronto para desculpar-se quando, sem intenção, age de alguma forma que faça com que o outro se sinta desrespeitado.  O ponto focal do respeito é sempre o outro.
Tive a oportunidade de desenvolver alguns trabalhos com esse grupo de executivos e o que posso dizer é que essas poucas "regrinhas" básicas funcionam muito bem.

terça-feira, abril 10, 2012

Pequenos covardes

Existe um tipo de gente particularmente desagradável.
Não estou falando de nada tão dramático como assassinos ou tão danoso quanto um político corrupto.
Me refiro ao pequeno covarde, aquele seu colega de escritório (ou sua colega, embora costume ser uma característica mais masculina) que, com uma consistência invejável, contribui diariamente com pequenas ações mesquinhas para tornar o ambiente mais desagradável.
Adora uma fofoca, principalmente quando pode falar mal de alguém, mais interessado no prazer de prejudicar do que na veracidade da informação.  É um difamador compulsivo.
Gosta de exercer o poder, independentemente da posição que ocupa.  Se for o faxineiro da empresa vai deixar o seu banheiro sem papel higiênico.  Se for o presidente irá se divertir humilhando você em público.  Se for seu par ou trabalhar em outro departamento, arranjará um jeito de "fritar" você com seus chefes e colegas.
Claro que para merecer sua atenção ele terá que sentir que você é melhor do que ele.  O que, aliás, não é dificil, já que esse tipo de pessoa não costuma gostar de si mesma.
A melhor coisa a fazer é procurar se manter longe do radar dos pequenos covardes.
Quando não dá para escapar, a cada pequena vileza do indivíduo, não conseguimos evitar um pensamento do tipo "um dia esse cara vai se dar mal...".
Pois, bem, aqui vai uma boa notícia para você que tem que conviver com o verme: ele já se dá mal, todos os dias.
Vive sob a constante e intensa suspeita de que não vale nada e é por isso que precisa depreciar e infernizar os demais.  Seus pequenos momentos de amargo prazer não compensam a infelicidade de ser quem é.
Lamentavelmente, isso não impede que cause estragos no caminho.
Mas serão pequenos danos, plenamente superáveis por quem não se coloca na posição de vítima.
Para nós, apenas um pequeno dissabor a ser esquecido.
Para o pequeno covarde é o legado de toda uma vida.  É por isso que ficam ainda piores quando envelhecem.
Não tem nada de bom para lembrar.

segunda-feira, abril 02, 2012

Sobre a adminstração do tempo

Me perguntaram sobre "regras" para administrar o tempo.
Pensando no assunto e pesquisando algumas regras recomendadas por especialistas, concluí que organizar o tempo exige mais do que seguir regras: demanda atitude, respeito e disciplina
Atitude no sentido de valorizar o tempo pessoal e profissional.  Tempo para o indivíduo é vida e, portanto, seu bem mais importante.  Para a empresa é dinheiro (equivalente à remuneração do recurso humano).
Respeito no sentido de compreender que no ambiente profissional raramente alguém perde tempo sozinho.  Administrar mal seu tempo geralmente implica em fazer com que os outros também percam seu tempo em função dos seus atrasos.
Disciplina no sentido de estabelecer um compromisso com a utilização efetiva do tempo, priorizando o que é mais relevante.
Mas se eu fosse orientar alguém sobre organização do tempo, começaria pedindo para a pessoa passar 5 minutos olhando para o seu relógio, apenas concentrada em esperar o tempo passar.
Depois, pediria para que ela fizesse uma lista das 5 coisas mais importantes de sua vida pessoal, e das 5 tarefas mais importantes para o seu trabalho.
Em seguida sugeriria que ela passasse uma semana anotando quanto tempo dedicou a essas 10 coisas da lista e que, durante a semana, respeitasse religiosamente o horário de seus compromissos.
Tenho a impressão de que realizar essas 4 tarefas teriam um resultado mais impactante do que seguir as regras de qualquer lista.