Páginas

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Pequenas homenagens para grandes homens

Noutro dia participei de uma pequena homenagem para um grande homem. Nossa equipe despedia-se do meu pai, Carlos Ferrari, com quem trabalhamos durante aproximadamente 10 anos aqui no IBOPE, incluindo os períodos como Consultor e Diretor. Obvio que como filho tive um papel protagonístico na homenagem. Não poderia ser de outra forma, já que ele realmente vem sendo um pai para mim durante toda a vida. Mas uma rápida e sumária apresentação de algumas poucas de suas muitas contribuições profissionais (para o mercado de comunicação e para a nossa empresa) e breves comentários sobre seu relacionamento com amigos, colegas e funcionários foram suficientes para dar a dimensão de concretude à extensão de sua vocação paterna. Ele foi pai, mas não só para mim. Na verdade, a razão dessa postagem não é exatamente essa homenagem. Estava assistindo um capítulo da série Law & Order sobre um pai que acabou metendo seu filho em uma grande enrascada simplesmente porque não o aceitava como ele era. Naquele momento dei-me conta que essa sempre foi uma grande qualidade do Ferrari Pai. Bastante provavelmente eu nunca fui o filho que ele esperava que eu fosse. Mas foram muito poucas as críticas e praticamente nulas as interferências em minhas escolhas. Com raro talento, ele sempre me transmitiu a sensação de apoio quase incondicional, e quando não (porque de fato eu estava fazendo alguma grande bobagem), de compreensão infinita. Meus caros ... como isso é importante !!! E hoje, que também sou pai de dois grandes garotos (dos quais muito me orgulho, vale mencionar), tenho a consciência de como é difícil deixá-los viver suas vidas e apoiá-los incondicionalmente. Deve ser ainda mais difícil para aqueles que não tiveram a sorte que eu tive, o exemplo do berço. E o interessante é que essa atitude se extende também para a vida profissional. O Ferrari sempre foi um exímio delegador. Tal qual fez com seus filhos, conferia a seus "comandados" a autoridade correspondente à responsabilidade. Cobrava empenho e comprometimento, mas oferecia a liberdade para o exercício da individualidade. Creio que essa é uma característica genética do Ferrari. Também costumo agir assim quando ocupo uma posição de liderança. Mas aprendi com o exemplo e com a experiência. Vez por outra ainda tenho alguns deslizes centralizadores. Fato é que todos saimos ganhando com esse comportamento. Os líderes (e pais), porque tem a chance de aprender outras verdades. Os "comandados" (e filhos), por que crescem na busca de seu próprio caminho. Pois é, Pai ... faltou agradecer por mais essa !

3 comentários:

Anônimo disse...

A sua homenagem ao Ferrari deve ter sido bonita e comovente. E, com toda certeza, super-merecida. Como não tenho a sua desenvoltura com as palavras, cito o Caetano:
"O homem velho deixa a vida e morte para trás
Cabeça a prumo, segue rumo e nunca, nunca mais
O grande espelho que é o mundo ousaria refletir os seus sinais
O homem velho é o rei dos animais
...
Os filhos, filmes, ditos, livros como um vendaval
Espalham-no além da ilusão do seu ser pessoal
Mas ele dói e brilha único, indivíduo, maravilha sem igual
Já tem coragem de saber que é imortal"
"...As coisas migram e ele serve de farol
...E ao seu olhar tudo que é cor muda de tom"
Por favor, transmita ao Ferrari o meu carinho e diga que é só retribuição.

Amanda Magalhães Rodrigues Arthur disse...

Saudades das visitas que ele me fazia de surpresa no Ibope, momentos saboreados minuto a minuto por mim, ouvindo as histórias do Ferrari pai e tentando sempre aprender um pouco mais com ele. Concordo contigo Flávio: ele é um ótimo exemplo de liderança para todos!
Beijo carinhoso aos brilhantes Ferrari,
Amanda

Anônimo disse...

É emocionante ver um Ferrari tendo a coragem de desembrulhar assim seus sentimentos, como um verdadeiro presente...
Presente para o pai, e para todos que lêem e podem reviver um pouco suas próprias emoções.
Mais uma vez, me orgulho de você e agradeço a vida por nos ter dado nosso pai!