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quarta-feira, dezembro 07, 2005

Os vilões e as soluções simples

Está no estadao.com.br, site do jornal O Estado de São Paulo: “Instituto pede que TV deixe de estimular obesidade infantil”.
A matéria se refere ao comunicado divulgado pelo Instituto de Medicina da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos responsabilizando a TV americana pela epidemia de obesidade infantil que assola nosso primo americano mais rico (USA).
A proposta é fácil assim: a TV é culpada e os personagens infantis deveriam estimular o consumo de alimentos saudáveis ao invés de vender grandes pacotes de sucrilhos.
Trata-se de mais um exemplo acabado de miopia prepotente.
Em primeiro lugar, supondo que as emissoras de televisão pudessem se recusar a veicular comerciais de produtos que alguma entidade “superior” considere prejudicial à saúde é claro que isso não resolveria o problema da obesidade infantil nos Estados Unidos. Ocorre aqui, além da clara inversão de causa e efeito, uma tentativa de simplificação monstruosa da realidade cultural norte-americana.
Mas esse comunicado não é de todo inútil.
Pode servir de inspiração para uma importante reflexão: será que não estamos, no nosso dia a dia, lidando com alguns problemas da mesma forma ?
A tentação de eleger vilões (agentes externos) e propor soluções aparentemente simples (porque dependem exclusivamente dos outros), mas que se provam despropositadas na prática, é grande.
Como disse Maria Antonieta, antes de ser decapitada: “se o povo não tem pão, que comam brioches”.

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