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sexta-feira, dezembro 09, 2005

Autor e Personagem


Não nos enganemos: nesse mundo competitivo de hoje tornou-se um vício construir personagens que aumentam nossa probabilidade de sucesso, pessoal e profissional.
O personagem é uma espécie de interface, de “front end”, através do qual nos relacionamos com o mundo “lá fora”.
De baixo dele está a “persona”, nosso “verdadeiro” eu, autor do personagem.
O problema ocorre quando o autor se encanta com o personagem de tal forma que começa a acreditar que ele seja uma verdadeira pessoa.
A criatura devora o criador e, apesar de originalmente criada para ser uma simples interface de relacionamento com o mundo externo, assume também o comando das relações com o mundo interno.
O autor, tomado pelo personagem, passa a rejeitar tudo aquilo que está em desacordo com a projeção que criou, e um grande conflito interno se estabelece.
Ser ou não ser, diria algum inglês mais inspirado.
Esto é una mentira ... esto nonexiste, diria Padre Quevedo.
É para pensar em casa, digo eu.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pode criar quantas personagens quiser, mas deixe MEU FILHO de fora. Sua mãe. (Será que sou eu mesma ou estou dando uma de Greta Garbo fantasma?