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segunda-feira, outubro 31, 2005

Don Quixote - confesso que eu lí

Antes tarde do que nunca, comecei a ler alguns clássicos.
Um deles, Don Quixote, decidi ler motivado por um presente que ganhei de meus pais: uma simpática escultura em bronze do nobre cavaleiro da Mancha.
Nada como passar uma semana trabalhando fora do escopo habitual, como acabo de fazer, para observar o cotidiano com "um outro olhar" (expressão da moda dos educadores).
Para mim (que não havia lido a obra), Don Quixote era o símbolo de um idealismo ingênuo, altruista, fantasioso e inútil (a luta contra moinhos de vento).
Na leitura, encontrei, de fato, o Quixote idealista e fantasioso (melhor dizer alucinado). Mas nada ingênuo e tampouco altruista (é um grande explorador do Sancho Pança).
A percepção de "inutilidade" de seus esforços é decorrente do fato de que Don Quixote luta suas próprias batalhas, desconectado da realidade. E como a realidade não dialoga com a fantasia, o próprio Quixote se dá conta de que não esta tendo o sucesso que pretendia, atribuindo seus sucessivos fracassos à bruxaria (agentes externos, traiçoeiros, fora de seu controle).
Tão impressionante quanto sua determinação de seguir lutando é sua resistência ao contato com a realidade.
O distanciamento momentâneo do cotidiano me ofereceu a possibilidade de observar minhas batalhas cotidianas de uma saudável distância, e a oportunidade de avaliar se algumas delas não seriam Quixotescas - no sentido de estarem baseadas mais no desejo do que na realidade.
E o rítimo diferente do ambiente de congresso também me fez perceber outra possível conexão com a obra de Cervantes, mais anagramática. Dei-me conta de que, nos últimos meses, tenho trabalhado sob intensa pressão exercida por mim mesmo. De baixo de um Xicote ... tal qual o próprio Don Quixote em suas sucessicas aventuras.
Melhor rever os meus conceitos ...

sexta-feira, outubro 28, 2005

Enxugando Gelo

Sabe a expressão "enxugar gelo" ? Aquela que a gente usa para se referir a trabalhos intermináveis e causas perdidas ?
É uma imagem interessante. Por mais que você enxugue o gêlo, ele segue molhado.
A ansiedade só não é maior porque a gente imagina que em algum momento o gêlo termina por se derreter todo e o trabalho acaba.
Agora, imagine uma pedra de gêlo bem grande .... um iceberg.
Imagine-se enxugando um iceberg. E imagine que você só vai poder voltar para casa (ou ganhar um sorvete, ou sair com a namorada, ou ir dormir) quando acabar de enxugar o cujo dito ....
Pois assim me parecem os e-mails, que insistem em brotar, com singular alegria e surpreendente determinação, minha caixa postal.
Por um lado sou grande fã do instrumento. A comunicação assíncrona, que respeita os tempos e desejos individuais (eu escrevo quando posso e você responde quando quizer).
Por outro, o abuso de uns, pncipalmente os agentes do pseudo-marketing-direto (spam), e a falta de cuidado (ignorância ou etiqueta) de outros, aqueles que insistem em replicar sempre tudo com cópia para todo mundo, complicaram a vida de todos.
Lí num blog outro dia (linguaenoticia.blogger.com.br) que os altos executivos estariam, já no final de 2004, recebendo de 300 a 500 e-mails por dia e que isso estaria afetando seu humor no trabalho.
Eu, pessoalmente, recebo entre 900 e 1200 e-mails por semana. Aproximadamente a metade deles são SPAMS ou suas variantes. Uns 25% são cópias de mensagens endereçadas a outras pessoas. Sobram 300, em média, que preciso efetivamente ler e responder. Mais ou menos 60 por dia útil de trabalho (segunda a sexta). Se entre ler e responder gastar 4 minutos por e-mail, essa tarefa consumirá aproximadamente 4 horas diárias.
Na pratica, percebo que muitos de nós passamos dias inteiros respondendo e-mails, a não ser que sejamos interrompidos por algum telefonema ou reunião.
No final do dia a gente percebe que nem teve tempo para tomar um café com os amigos do escritório, que também não te procuraram porque estavam enxugando gelo, como você.
Mas tudo bem. Quando me dou conta disto, mando um e-mail para eles antes de voltar para casa.

quarta-feira, outubro 26, 2005

Relevância da Mídia Impressa

Tendo acabado de assistir a 3 dias de congresso sobre mídia impressa, não posso deixar de comentar duas chamadas que ví hoje no site do UOL.
Finantial Times: McDonald's adotará rótulos com o valor nutricional de lanches.
The New York Times: Ilusões justificam o altíssimo preço do striptease de luxo.
Considerando que nenhuma revista ou jornal pode cobrir todos os assuntos relevantes do planeta (ou mesmo de seu país) que aconteceram no período de intervalo entre edições (escolhem as notícias mais relevantes para publicar) imagino que nada mais importante do que isso esteja acontecendo no mundo dos negócios ...
Ou seja, nessa semana não vou precisar ler nenhum dos dois títulos !

Papai Noel Brasileiro

O Natal está chegando.
Isto significa que muitos brasileiros vão se vestir de Papai Noel, à trabalho ou em família.
E vão usar aquela tradicional roupa vermelha, projetada para o Inverno do hemisfério norte.
Dizem, e pelo que pude pesquisar é verdade, que a atual versão da roupa do Noel foi desenhada para uma campanha da coca-cola, ainda na primeira metade do século passado.
Me ocorre que o Guaraná Antartica poderia lançar uma campanha de Natal com um Papai Noel tropical.
Vai levar um tempo até a moda pegar, mas no final, muitos brasileiros agradecerão.
Eu, entre eles.

terça-feira, outubro 25, 2005

Do comunismo ao capitalismo - A Praga

Estou em Praga. Num congresso (WWRS), a trabalho, portanto.
Mas não pude deixar de visitar pelo menos um museu e um castelo.
O museu foi o de Kafka. O castelo, de antigos nobres Tchecos, na periferia da cidade.
Minha conclusão foi a de que os maus marketeiros, expulsos do ocidente pela necessidade de praticarem um bom serviço, encontraram guarida do lado de cá.
O museu não superava, em conteúdo, qualquer feira de ciências da 8a. série.
O castelo parecia ter sido reformado por estagiários da disneilândia. Para não falar do guarda que preocupava-se mais em evitar que os turistas encostassem nos móveis (resgatados da ditadura comunistas) do que com supostos Rembrant, Rubens e Velasquez displicentemente misturados com centenas de pinturas-retrato espalhadas pelas paredes dos aposentos do castelo.
Tenderia a dizer que eles ainda tem muito o que aprender sobre marketing de serviços.
Mas a verdade é que a cidade está lotada de turistas encantados.
Que praga ...

E o medo venceu a esperança ...

Ganhou o não (que quer dizer sim). O medo da ditadura venceu a esperança de resolver o problema da violência urbana pelo voto. Era nisso que estávamos votando ?

quarta-feira, outubro 19, 2005

Pelo sim, pelo não ...

Neste próximo final de semana milhões de pessoas, antes sem informação e agora desinformadas, votarão em uma importante questão onde causa e efeito foram artificialmente associados.
Alguns milhões de dolares depois, é provável que o único efeito concreto dessa iniciativa seja o impacto sobre a participação das empresas brasileiras no mercado internacional de armas leves.
Um taxista cujo hobby é realizar enquetes informou que os mais instruidos e os mais bandidos são contra o desarmamento, ambos porque consideram-no um cerceamento à liberdade.
Os mais pobres e a classe média são a favor, mas imaginam estar votando para resolver o problema da violência urbana (que, convenhamos, tem alguma chance de ser resolvida com outro tipo de voto, durante as eleições).
As pesquisas apontam para uma disputa acirrada. Não podia ser de outra forma já que votar SIM quer dizer não, e votar NÃO significa dizer sim, e tanto num caso como no outro TALVEZ alugns saibam no que realmente estão votando.
E eu fico pensando que todo esse investimento e mobilização popular poderiam ter sido direcionados para resolver alguns dos problemas de base verdadeiramente relacionados com a violência urbana no Brasil, o país do desperdício.

quinta-feira, outubro 13, 2005

Das razões da razão

Tudo é pessoal. Isso, qualquer gestor com um pouco de experiência já deve ter percebido.
Hoje me perguntei o que aconteceria se deixássemos de lado o trabalho de elaborar argumentos racionais para defender posições que são, no fundo, pessoais.
Ou seja, ao invés de afirmar que não podemos substituir, neste momento, o software de gestão financeira porque os riscos inerentes à transição imediata são grandes e o investimento necessário para rodar dois sistemas em paralelo não pode ser suportado pelo budget desse ano, simplesmente dizer: não quero fazer porque vai dar muito trabalho e, ainda por cima, comprometer minha bonificação.
Como seria esse mundo de negócios se a verdade estivesse sobre a mesa ?
Mais eficiente porque economizaríamos o tempo gasto seja criando seja debatendo argumentos pseudo-racionais ?
Um caos, porque certas coisas não se deve dizer ?
A razão tem suas razões.
As pessoas, sua motivação.
As empresas, sua missão.
E os executivos, muito trabalho para conciliar tudo isso.

quarta-feira, outubro 12, 2005

GRANDE INAUGURAÇÃO DO BLOG

Trabalhei muitos anos em agências de propaganda, e atendi algumas "contas" importantes de varejo (Arapuã, Brasimac, etc). Deve ser por isso que uma inauguração me leve sempre a pensar na necessidade de oferecer descontos, brindes ou qualquer outro benefício que agregue valor ao local inaugurado, estimulando a visitação e estabelecendo um simpático primeiro contato que, sempre se espera, transformar-se-á em um vínculo duradouro.
Entretanto, como este primeiro texto postado é um "teste", vou considerar o evento como uma pré-inauguração e deixar o viés publicitário para mais tarde.